sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Balada de Neve

Batei leve, levemente
Como quem chama por mim
Sera chuva? Sera gente?
Gente não é certamente
E a chuva não bate assim

É talvez aventanea
Mais há pouco, poucochinho
Nem uma agulha por linha
Na quieta melacolia dos pinheiros do caminho...

Quem bate assim levemente
Com tão estranha leveza
Que mal se ouve mal se senti,
Não é chuva nem é gente
Nem é vento com certeza

Fui ver. A neve caía
Do azul cizento do ser
Branca e leve, Branca e frio...
A quanto tempo há não via!
E que saudade Deus meus

Olho-a atravez da desgraça
Pois tudo da cor do linho
Passa gente e quando passa
Os passos impri-me que traçam
Na braçura do caminho

Fico olhando esse sinal
Da pobre gente que avança
E note, porentre os mais
Os traços miniaturais
Duns pézitos de crianças...

E descalcinho, doridos...
A neve deixa inda vê-los
Primeiro bem definido
Depois em suco comprido
Porque não podia ergue-los!

Quem já é pecador
Sofra torneto...em fim!
Mais as crianças, senhor
Porquê lhes dais tanta dor?
Porque padecem assim!

E uma infiníta tristeza
Uma funda turbação
Entra em mim fica em mim presa
Caí neve na natureza
E caí no meu coração


Autor: Augusto Gil
Obra Literaria “Luar de Janeiro”